Tragédia em Santa Maria

27 de janeiro: Há quem tente fugir da data

Gabriela Perufo, especial

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Depois de uma longa reunião, o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) decretou que o dia 27 de janeiro será de luto oficial em Santa Maria. Antes da decisão, chegou a ser cogitado o decretado de ponto facultativo na cidade.
-Feriado não seria possível, por causa de legislação. Decidimos não fazer ponto facultativo para não prejudicar alguns serviços públicos, como os de saúde. Decretar luto oficial é uma forma de respeito aos que ainda sofrem com essa tragédia, que nos comoveu - afirmou o prefeito.

Também na reunião foi decidido que o expediente interno da prefeitura, no dia 27, será reduzido, das 7h30min até as 15h. Para o presidente da Associação de Vítimas e Familiares da Tragédia em Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, o ideal seria que o comércio não abrisse, pelo menos durante a tarde.
-Nós não queremos atrapalhar o comércio. Mas os comerciantes poderiam aderir de forma voluntária, em homenagem às vítimas, não aos familiares, assim como os bares que não vão abrir - defende Ferreira.

Mesmo sem ser um feriado, o dia 27 pode ter bastante significado para muitas pessoas. Muitos santa-marienses se pudessem escolher entre ficar na cidade ou viajar, no próximo dia 27, escolheriam deixar Santa Maria, por considerar uma dia triste.

A agente de viagens Ticiane Ribeiro, explica que, se comparar o número de vendas de pacotes de viagem com o mês de janeiro do ano passado, a procura chegou ser o dobro este ano.
-Não dá para dizer qual foi o motivo da procura, mas é praticamente o dobro desta época do ano passado. Há meses já vendemos pacotes marcados para esta época, mas desde o final de 2013 as vendas subiram bastante - explica Ticiane.

Não há cesarianas agendadas no Caridade

O Diário conversou com 44 pessoas nas ruas da cidade, na quarta-feira. A metade dos entrevistados disse que não gostaria de sair da cidade no dia 27. Já 36,4% viajariam para outra cidade, se pudessem. Os 13,6% restantes disseram não saber opinar.

A data também pode ter influenciado a realização de cesarianas. O Hospital de Caridade, que tem uma média de quatro partos por dia, ainda não tem nenhuma cesariana marcada para segunda-feira. O obstetra Paulo Afonso Beltrame conta que uma paciente deixou claro que não queria que o filho nascesse na data:
-Não é habitual não ter nenhuma cesariana agendada para uma segunda-feira.
Talvez por ser o primeiro ano e ainda serem muito fortes as lembranças da tragédia, dá para ver que há uma tendência em não marcar na data.

A obstetra Vania Freitas pensa um pouco diferente, para ela é comum que algum dia da semana não tenha nascimentos previstos.
- A média é muito relativa, tem dias que não tem nenhum parto e outros, como o dia 8, em que  houve 11 nascimentos - explica a médica.

Conforme a psicóloga Fabiane Angelo, que atua no Grupo de Trabalho Ações por Santa Maria, não querer estar na cidade no dia 27 pode ser uma forma de evitar as lembranças ruins.
- A reação das pessoas que não querem estar aqui é esperada. Quando um fechamento de ciclo se aproxima, as emoções de dor, de saudade ou até mesmo a sensação de não saber o que fazer são normais. Há quem queria ficar aqui para tentar ajudar os amigos, a família, cada pessoa pode reagir de uma forma diferente - explica Fabiane.

 

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